Artigo escrito por João Teodoro da Silva, Presidente do Sistema Cofeci-Creci e Especialista em Neurociências e Comportamento
A economia brasileira, com a taxa Selic em patamar tão elevado – 14,75% a.a., com a
possibilidade de atingir 15% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) –, levanta
naturalmente questionamentos sobre o seu impacto em diversos setores econômicos. No entanto, é
fundamental que a análise dessa situação transcenda a mera superficialidade numérica e reconheça
sua intrínseca resiliência e as perspectivas o=mistas que, surpreendentemente, ainda impulsionam o
setor da construção e o mercado imobiliário em todo o país.
À primeira vista, a taxa básica de juros em alta poderia ser interpretada como um freio
significativo ao fornecimento de crédito imobiliário, que encarece e desestimula os financiamentos e,
consequentemente, a compra de imóveis. De fato, o custo do dinheiro está mais caro. Isso exige uma
análise mais criteriosa por parte dos consumidores e investidores. Entretanto, no Brasil, o mercado
imobiliário possui características que o tornam menos suscetível a oscilações abruptas, em especial
quando comparado com vários outros setores da economia.
Um dos principais pilares dessa notável resiliência é a demanda habitacional robusta
e persistente. O Brasil ainda ostenta déficit habitacional considerável, superior a 6 (seis) milhões de
unidades, que gera continua necessidade de novas moradias. Ademais, o crescimento populacional,
a formação de novas famílias e a natural migração para os centros urbanos mantêm aquecida a busca
por imóveis, seja para moradia própria, para locação ou para investimento. Essa demanda intrínseca
amortece o impacto de fatores macroeconômicos adversos.
Outro ponto crucial é a diversificação das fontes de financiamento e a criatividade do
mercado. Embora a Selic afete diretamente as linhas de crédito a ela atreladas, o setor imobiliário
tem se reinventado e buscado alternativas. O mercado financeiro, com instrumentos como Letras de
Crédito Imobiliário, Certificados de Recebíveis Imobiliários, Fundos de Investimento Imobiliário e
iniciativas como a tokenização conduzem a novos fluxos de capital. Isso minimiza a dependência de
uma única fonte de recursos, conduzindo à estabilidade do mercado.
É notável o número de prédios em construção no país. Este cenário mostra confiança
na segurança e no potencial da valorização imobiliária. A produção industrial, por sua vez, tem efeito
multiplicador na economia, que gera empregos diretos e indiretos e contribui significativamente para
o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. É um setor que, mesmo diante de desafios, segue
apostando no futuro e impulsionando o desenvolvimento. Contudo isso não dispensa a necessidade
de disciplina fiscal e a busca pelo equilíbrio macroeconômico.
A Selic é importante no controle inflacionário e na estabilização da economia. Porém,
com a inflação sob controle e maior clareza na política econômica, a tendência é que a taxa de juros
comece a ceder. Isso fará com que o crédito se torne mais acessível e impulsione ainda mais o nosso
mercado imobiliário. Em suma, as perspectivas para o setor, não obstante esteja a Selic em patamar
tão elevado, permanecem promissoras. Sendo assim, temos de manter a crença em nosso futuro. O
Brasil continua a ser o país das melhores oportunidades!
João Teodoro da Silva
Presidente – Sistema Cofeci-Creci